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terça-feira, 25 de outubro de 2022

ONDE POSSO CANTAR SOZINHO


Já vive a vida do sertão

A dura sorte,

Onde a morte enfrenta a vida

E a vida enfrenta a morte

Tendo minhas mãos calejadas

Corpo arrastando ao chão

Alvorada sempre vejo

Orvalho molhar o chão

Passarada no arvoredo

Canto que me faz pesar

Pensar da vida e morte

Luta brava de titãs

Sou eu nesta estrada poeira

Moribundo coração

No palco duro da lida

Navego meu mar sem fim

Vou em nau desses sonhos

Sonhar por dias que podem vir...

Já vive do sertão

A dura sorte

Onde já venci a vida

Onde já vive a morte.


Leonardo de Souza Dutra

 

 


sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Dor d’Alma


A dor que dói
É a dor de doer,
Quando sangra
No peito quente
A alma sente, traduz
O clima crepuscular
Aninhado pela luz
Pálida fugaz
Triste...
 
Incapaz de definir
Contornos,
É esta a indescritível
Dor
De doer.
Que vem revelando
Circunstâncias mesquinhas
Do amargo fel
De pequenos detalhes
Da dor que dói.
 

Leonardo de Souza Dutra

O TEMPO MOVE A ALMA


O tempo me move a alma
Escravo no corpo
Se me vão.
 
Mas ante teu hálito
Me escondo
Refugiando meus ares.
Dando-me ao encanto
Que ontem não os tive.
 
Vem adormece assim no meu peito,
O calor desse teu corpo
Aquece-me.
 
Move o tempo
Agora escravo
No corpo
Se me vão
Ante o hálito teu.
 
 

Leonardo de Souza Dutra

Goteja a chuva fria

 

           Goteja lá fora a chuva fria

         Goteja aqui dentro meu coração

         É fria a chuva lá fora

         Está com frio meu coração.

         Olho através da janela alguém que passa

         Vejo seus passos molhados

         Molhando o asfalto,

         É sério confirmo seu caminhar

         Lá se foi mais um passante

         Não o conheço

         Não perguntei seu nome.

         Deixando apenas seus passos molhados no asfalto.

         Volto a mim mesmo

         Estranho pensar em você

         Quando chove lá fora.

         Me projeto como  uma gota perdida entre tantas outras.

         Filosofar é tedioso nesse momento

         Quando vejo a chuva lá fora

         Aqui dentro não há diferença.

         E vamos nós como chuva, levados

         Nessa nuvem densa

         Que dança ao som de um rítimo cadenciado.


         Leonardo de Souza Dutra

 

SINFONIA PARA DIZER QUE SEMPRE TE AMEI


 
                        Viemos de dois mundos
                        Diferentes não na forma,
                        Reside apenas no tempo.
 
                        O teu cálido por certo
                        A mostrar teu dom de encantar.
 
                        O meu incerto na busca
                        De te buscar
 
                        O teu soava para mim como
                        Que aurora despertando o canto do guriatã.
 
                        O meu tépido, sombrio
                        Calado a escutar o teu,
                       
                        O teu em brilho
                        Que ao sol
                        Se ofusca ante a beleza
 
                        O meu assim pardo sem teto
                        E em mil lágrimas se fazia.
 
                        Assim teu mundo foi se chegando
                        Como cada amanhecer.
                        E no entardecer
                        Sempre estava a espreitar.
 
                        E para dizer que te amo
                        Escrevi essa sinfonia
                        Que nesse desencanto
                        Pudera assim repousar?
                       
                        Devo dizer mais uma vez
                        Antes que a última nota venha a se perder
                        Mostre-me esse teu corpo
                        Como parte de tudo aquilo que me é estranho
                        Sonora venhas
                        Mesmo em sonhos
                        Se eu sonhar.
 
 

                        Leonardo de Souza Dutra                 

TEU RISO


 

 

         Hoje me vi  a  falar de teu riso
         Que como um acorde soara para mim
         Colocando no papel tua docilidade
         Que se iniciaria assim:
         Teu riso nele esse teu jeito de ser
         Ao ver em teus lábios essa clara evidência
         Da alma que estampa o rosto em brilho
         Quem não sonharia em poder compreendê-lo
         Ah! esse teu riso
         Deixarei meus olhos contemplar.
         Mais uma vez
         E todas as vezes que os tiver perto de mim,
         Se pudesse colocar em  tela
         Seria como imagem de cada movimento teu
         Pois é assim que construímos a vida  
         De momentos 
         Teu riso hoje o vi...
         Como uma janela que se abre para o belo
         Estava ele  no mais belo de todo ser.
         Desejo a cada momento poder fazer parte
         Desse inundar
         Que é estar no  teu riso.


        
          Leonardo de Souza Dutra

 

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

OUTRA VEZ TEUS OLHOS


 

         Quando em acalanto surgir teu olhar

         E na brisa morna estiver

         Estendido meu corpo,

         Sangrarei.

         Em te ver passar por sobre mim

         Que como sombra dessa imagem nua

         Aquele que em rubra imagem se desfez

         Voltará à vida.

         Mesmo que na distância

         Esse teu meigo olhar transformara

         Em apenas um estender de mãos,

         Não haverá lágrimas, pois elas

         Por ti foram levadas.

         Mas se estendido sobre pedras

         Encontrar-se meu corpo

         E nesta árida melancolia

         For tragado pelo ocultar de teus olhos

         Deixarei imolar como Prometeu

         Acorrentado ao teu destino pedra.

         E já sem poder formar sonho

         Sonharei e me farei assim

         No encanto de poder encantar esse povir.

         E se um dia voltar teu olhar

         Ressurgirei...

         Em riso

        

         Leonardo de Souza Dutra