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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

OUTRA VEZ TEUS OLHOS


 

         Quando em acalanto surgir teu olhar

         E na brisa morna estiver

         Estendido meu corpo,

         Sangrarei.

         Em te ver passar por sobre mim

         Que como sombra dessa imagem nua

         Aquele que em rubra imagem se desfez

         Voltará à vida.

         Mesmo que na distância

         Esse teu meigo olhar transformara

         Em apenas um estender de mãos,

         Não haverá lágrimas, pois elas

         Por ti foram levadas.

         Mas se estendido sobre pedras

         Encontrar-se meu corpo

         E nesta árida melancolia

         For tragado pelo ocultar de teus olhos

         Deixarei imolar como Prometeu

         Acorrentado ao teu destino pedra.

         E já sem poder formar sonho

         Sonharei e me farei assim

         No encanto de poder encantar esse povir.

         E se um dia voltar teu olhar

         Ressurgirei...

         Em riso

        

         Leonardo de Souza Dutra