Quando te permites surgir pelas margens
Outros encantos se despontam,
Não é apenas de concreto
Esse teu magro coração
Esse teu magro coração
Já esquecido por aqueles
Que ontem tu vias passar.
És também um passo dobrado de um frevo rasgado
Que fere tão profundamente
Deixando demente as almas
Que em tuas pontes dependuradas
Que em tuas pontes dependuradas
Vão se mostrando como bandeirolas.
Outros encantos se despontam,
Não em flor Narciso se transformaria
Se houvera um dia o sabor de mirar-se em tuas margens
E ver tuas paisagens
Que o encanto nos satisfaz,
Mas em recifense por certo se transformaria
E a mitologia teria que ser reformulada.
Outros encantos acontecem,
Não são apenas teus meninos nus
Comidos pelos vermes,
Não são apenas tuas ruas apinhadas de camelôs,
Teu ar quase intragável,
Posso ver tuas ruas poéticas
Teu lado mulher, Veneza,
Quando olhas timidamente.
E hoje por aquela ponte estavas assim tão radiante
Que mesmo havendo tantos amantes
Me rendi ao teu encanto.
Minha Cidade, Recife.
Leonardo de Souza Dutra