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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Qual Pardal



 





Qual Pardal


Não sei
Se a chuva molha a alma
Ou a própri’alma
Que de molhada
Inunda a chuva...

Foi assim,
Nesse acúmulo
De desencantos
Que se fora para bem longe
O meu canto.

E de tão triste
Morria a voz em canto
Qual pardal que tomba ao vento.

Leonardo de Souza Dutra

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Onde está o tempo?












    





        Onde está o tempo?

Um dia não é mais que a distância
De um tempo que não fora medido
Pois o tempo,
Ah! o tempo...
Largo manifesto que não se mede pelo passar do nosso tempo
Desmedida a consciência
Filosofia vã.
Ele não se deixa aprisionar
Quem sabe se o que vivemos hoje
Já fora palco de nossas incertezas ontem
E será que não estamos a repetir o mesmo tempo.
Quem nos garante
O viver nosso tempo
É o tempo não vivido?

Leonardo de Souza Dutra

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Teu silêncio


    

   








        Teu silêncio

    O que não fora dito
    É tudo que nunca gostaríamos de dizer,
    Se trago em alma escrito
    O som dos lábios aflitos
    É que tudo que nunca fora dito
    Nunca há de ser.

                 Mas se um dia puder ser escrito
                 Em versos, rimas e risos
                 Que seja sempre dito
                 O quanto eu amei você.



Leonardo de Souza Dutra

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O ADEUS QUE NÃO FORA DITO



 













O ADEUS QUE NÃO FORA DITO

Teus olhos me embalavam a noite
Que mesmo distantes me faziam aproximar
Ao mirar-te em pontos cintilantes
Teu meigo afago embalando o luar.

Agora bem mais distantes
Formara  um adeus que não fora dito
De tão intenso,
Obscuro,
Me vejo em sonhos diluídos.

Petrificando a incerteza de não mais teus olhos
Calando assim em alma
De querer sonhar
Meu sonho perdido.

Leonardo de Souza Dutra



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Alma fria



 

            



           

               Alma fria

Quero abraçar aquela noite fria
E d’ela me aquecer
Afogando em doces mágoas
Um olhar que se foi.

E em cada pétala
Que sucumbe ao desencanto
Vou me embriagar
Desses antigos desejos.

Vem assim,
Gélida alma fria
Faminta de mim
Pois em noites de agonia
Entristecida se encontra
Sobre tua sombra
Não mais se assombra
Viver em agonia.

Leonardo de Souza Dutra

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Doce sabor



 









   Doce sabor

Doce ilusão
É a ilusão de ser iludido.

Pela mocidade que passa
Tão breve,
Tão fugaz.
Como o som de uma gargalhada
Da velhice que aproxima
Como um cordeiro
Faz do augusto
Uma imolação
Propiciação dos seus erros
Conduzido pelo tempo.

Doce ilusão
É a ilusão de ser iludido.

Mesmo tecendo
O desejo de eternizar-se
No coração de outrem
Sabendo que o esquecimento
Será inevitável
Que sabor amargo
É sentir o doce sabor
Da ilusão de ser iludido. 

Leonardo de Souza Dutra

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

CORPO



 

        






         CORPO

Sobre o teu peito nu
A lânguida língua desliza suada,
E na balada alucinada
Se vai ao teu desnudo apelo.
Tendo em cada curva teus pêlos
Meu desejo de buscar,
Que dessa procura desvairada
Me enlaces
Seja como pano ao mastro tremular
Quando atirado vago tempo
Deleitando-se desajeitado ao alento do sopro
Quando mar.
Sobre ele, teu peito nu
Estendo os meus olhos como manto
Te envolvendo
Vendo esses como sempre os vi.
De suplicas vou morrer
Para acordar em teus seios nus.

Leonardo de Souza Dutra