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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

A MORTE POR UM FIO

       A MORTE POR UM FIO

 

         Morre formiga, morre!

         Gritou surdamente enfurecido.

 

         Sobre uma escrivaninha

         Abandonada, vagava lerda formiga.

         Serva de tantos servos

         Severa em sua missão

         Jornada longa em busca de informação

         Deixando suas antenas tocarem o ar

         Demonstrando intimidade com o instinto.

 

         Jogado a um canto da biblioteca

         Olhos agudos

         Ar sombrio,

         Imobilizado

         Transferia para dentro de si

         O vagar alucinado da formiga

         Vendo-a

         Pareciam perdidos

         Um buscando o caminho, outro uma solução

 

         Morre formiga, morre!

         Gritou surdamente enfurecido.

 

         Se perdida

         Se perdido

         Estavam em uma única ideia, eles, atados

         Como que querendo desmembrar sua parte formiga

         Arremessou-lhe sua visão formiga

         Deixando cair indolentemente pesado livro

         Desfigurando assim a rubra formiga

         Que um dia se aventurou a percorrer a escrivaninha

         empoeirada de uma biblioteca.

 

         Morreu a formiga, morreu!


        Leonardo de Souza Dutra

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