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sábado, 19 de novembro de 2011

CÂNTICO AO AMANHECER







CÂNTICO AO AMANHECER

De que vale a morte
Quando ainda não entendo a vida,
Queria ser vidente e abraçar este sonho.
E em meio ao que fora vivido
Saber que em nada temos vida,
E por nada tememos a morte.

De que vale poder meditar
Quando não temos tempo para isso.
É que foi finito todo o desejo de se estar vivo.
Não querer conhecer-se é loucura,
Mas felizes são Eles, os Loucos,
Que o ontem fora hoje
E o agora será o amanhã.

Gostaria de poder escrever em linhas
E fazê-las pergaminho
Deixando a beira do caminho
Cada canto ao som da flauta, quem poderia ter tocado?

Mas como ser esse louco e alucinado
Palhaço...
É o que temos, tudo aquilo que nunca tivemos.
Poderia ter ainda o teu desejo.
Me parece estranho esse apelo,
Teu olhar já não mais aquece o meu
Apenas uma leve imagem tua, se me aparece.

Esse que outrora era teu, agora em outros cantos
Poderá elevar sua voz,
Lá está, dirão alguns.
Aquele pássaro que pode alumiar-se
Mesmo lhe parecendo aguda a sorte.
Cantai, cantai, oh! Pássaro dourado sol.
Teu brilho não apagará àquele.

E a cada manhã me alumiarei ao teu vir.

De que vale mesmo a morte,
Se é que já não estamos mortos
Para ela ou para nós mesmos.

Leonardo de Souza Dutra

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