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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ARGOS


 


          


                 

                    ARGOS


Fazei-me marinheiro dos teus mares
Anjo dos teus altares,
Argonauta nos teus encantos
Fazei do mar esse meu manto que encobre
Quero sucumbir ao sopro desses ares
Naufragar, silenciar...

Me tecer em terço, como constelação de preces
Queimar incenso
Ser d’anjo a candura, demônio na criatura
Quando sente saudades de você.

Inflamar meu ser ardente
Ao sopro sudeste.
Encenar nos teus mares
Cada contorno dos teus detalhes
Quando encontro-me a lembrar você.
Soprai o sopro do teu pensar
Pois já peregrino a tanto tempo
Que não encontro mais alento,
Lamento teu doce mar.
Se de anjo na candura
Não me encanta a doçura do pensar
Diabólico meus olhares
Se a vejo, seja nas formas: mares e amares.


Leonardo de Souza Dutra


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